Uma caneca grande com muito café, minha caneta e um caderno
velho. Me estico na poltrona fofa que só a casa da mamãe tem. Primeiro veio a
vontade de escrever, e depois o lembrete: “como se escreve uma música, mesmo?”
Logo pensei: Impossível ter desaprendido. Fechei os olhos e deixei fluir. Meu
coração logo bateu mais forte e me lembrou da sensação boa que era de escrever
uma música. Uma música para soar bem no ouvido da mocinha apaixonada, do moço
acatado. E conforme o vento ia batendo devagar, a letra foi surgindo
sutilmente...
Meu sobradinho
Nem tão quente, e nem frio demais
Tem que ser morninho, bem do nosso jeitinho
Pra caber no meu sobradinho, que to montando pra gente
casar!
Nem tão certo, nem tão complicado
Não tem como amar correto, com esse meu jeito tão errado;
Sou boba, sou durona, sensível igual porcelana,
Mas por favor, não me leve tão a sério,
No jeito sério, não da pra se amar.
Nosso amor tem que ser morninho, bem do nosso jeitinho
Pra caber no meu sobradinho, lá onde a gente vai casar!